sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Viver não dói...

Definitivo, como tudo o que é simples. Nossa dor não advém das coisas vividas, mas das coisas que foram sonhadas e não se cumpriram. Por que sofremos tanto por amor? O certo seria a gente não sofrer, apenas agradecer por termos conhecido uma pessoa tão bacana, que gerou em nós um sentimento intenso e que nos fez companhia por um tempo razoável, um tempo feliz. Sofremos por quê? Porque automaticamente esquecemos o que foi desfrutado e passamos a sofrer pelas nossas projeções irrealizadas, por todas as cidades que gostaríamos de ter conhecido ao lado do nosso amor e não conhecemos, por todos os filhos que gostaríamos de ter tido e não tivemos, por todos os shows e livros e silêncios que gostaríamos de ter compartilhado, e não compartilhamos. Por todos os beijos cancelados, pela eternidade. Sofremos não porque nosso trabalho é desgastante e paga pouco, mas por todas as horas livres que deixamos de ter para ir ao cinema, para conversar com um amigo, para nadar, para namorar. Sofremos não porque nossa mãe é impaciente conosco, mas por todos os momentos em que poderíamos estar confidenciando a ela nossas mais profundas angústias se ela estivesse interessada em nos compreender. Sofremos não porque nosso time perdeu, mas pela euforia sufocada. Sofremos não porque envelhecemos, mas porque o futuro está sendo confiscado de nós, impedindo assim que mil aventuras nos aconteçam, todas aquelas com as quais sonhamos e nunca chegamos a experimentar. Como aliviar a dor do que não foi vivido? A resposta é simples como um verso: Se iludindo menos e vivendo mais!! A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.

- Carlos Drummond de Andrade -

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Tempos

Deixei passar um tempo, e há tempos não escrevo...
depois de alguns narcisos...
logo após uma série de decadências...
nasce uma paz, a coerência, certo respeito...
novos velhos, velhos novos,
imagens que fazem lembrar um passado, mas que se perdem nele próprio.
È,
me parece que o tempo é realmente um bom remédio pros males da alma, do coração.
As imagens ficam, mesmo assim.
Porém ficam elas
diferentes,
desimportantes,
difusas...

É,
e como somos diferentes...
como é diferente amar de verdade...

Vivo hoje como se fosse o momento mais importante de minha vida. E me acolho agora como nunca havia feito antes.
Por mim acima de tudo.
Por mim um tanto cansado de perder no jogo.
Acho que farei os meus próprios,
eles me bastarão, com certeza...