quarta-feira, 8 de julho de 2009

O funeral do boneco.

Esse sol, que há em mim
reside fora do meu corpo,
e tem,
com muito esforço,
tentado voltar ao seu lugar de origem.

Há pouco pensei que poderia tudo talvez,
Há pouco pensei que poderia ser todo.
E não imaginava que alguém,
desvendaria minha alma tão pouca de passagem.

E depois, num cenário mágico,
destroçaria minha carne, dilacerando-a
em flechas de sofrimento
nos vãos de sua ausência,
em uma cama desarrumada.

Vontades, lugares, pessoas
que nunca conheceria ao teu lado.
Mas outras, melhores talvez
moram na certeza de um futuro bom pra mim
Sem o pânico de morte.

Na tentativa, na sensação de cada momento contigo e em ti,
foi viver uma morte pra mim,
foi viver meu próprio funeral,
com minha alma sem dor, sem peso, sem alegria, sem contentamento.

Vazia, despida e sem luz.
Morta e tão pouca de passagem
Se jogaria, como um suicida de um predio de oito andares.

Fostes o sepultamento dos meus sonhos
Fostes uma obra de arte que revelou meus desejos mais profundos, minhas emoções mais verdadeiras e meus projetos de vida. Não em mim, pois são adversos à minha carne.

És tu que me representas fora de mim e, mesmo assim, não és à mim como sou a mim mesmo.
Careço de notar diferenças, preciso notá-las,
pois bonecos vêm e vão, não fazem parte de mim, não penso dessa forma.
Bonecos vêm e vão, mas não compactuam com meu desejo de permanência.

Que esse último seja enterrado em mim,
pra que um dia eu possa olhar com satisfação
pra vida ja tida por mim,
e minhalma, já nesse momento,
num lugar superior e tão grande de passagem.