quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Recurso

Recolho-me em pensamentos e imagino uma paisagem, inalterada, com todos aqueles que fizeram presença, que me tocaram a pele, o coração e a alma.
Recolho-me de toda expectativa não realizada, penso também que ela própria tem seu lugar e espaço. penso já tranquilo que devo, somente a mim mesmo, a honra de dar cabo atudo o que minha percepção embarca, sabendo também que nem ela poderia dizer de tudo de forma correta. Mas sim seria uma forma.
As pessoas vão, e é incrível como elas também se recolhem diante da vida, dizem adeus ao corpo que as guardou aqui na Terra e se vão. Isso me faz ver como que estar vivo requer preparo e aguarda certa carga de sofrimento.
É uma nova tentativa, é uma aposta de ver além das aparências. É também meu caminho tortuado pelo olhar que não quis ter, um óculos jogado no canto da gaveta tomou proporções tão gigantescas.
São as mesmas lentes que me negaram olhar, no ponto em que não pude contar com a empatia da semelhança dos que estavam mais perto.
O que me resta sonhar agora é ainda sim uma nova empreitada. O adulto me diz da tentativa frustrada de um ideal irrealizado. Mas diz também de uma nova estrada, a possibilidade da vida sem as amarras do alheio.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Paisagem deformada

Coisas e pessoas nao estão mais em conexão comigo, como que achava que era verdade. Há coisas nao ditas que ficaram em mim e há coisas que não foram ditas por amor, por amor perdi.
E aquilo que parecia um castelo que sustentava meu corpo, pêndulo e torto,caiu despedaçado por terra, deixando ossos e sangue sem nexo, sem sentido e sem solução.
Quando era criança sonhava que um dia pudesse ser tudo aquilo que desejavam que eu fosse, mas principalmente aquilo que eu acreditava poder ser. Hoje lido com a realdade, lido com o possível e com as limitações das pessoas. E sei que tudo não passa de projeções, que tudo não passa de tentativas de se fazer um, de algo partido.
E que essa espera por ser, só acaba quando percebemos o quanto somos imbecis em esperar.
O desejo reside onde mais? O seu desejo foi pra onde? Foi junto das pessoas que te matavam enquanto tentavas fazer o bem? Ou pensavas que fazia o bem...
Quem sabe o louco sou eu que, no final das contas, acreditou?
Acredito ou não, ainda?
Pois o que agora sei? Que não são só projeções, não são somente tentativas. Que algo muito maior que sua própria cabeça faz sentido e lógica com algo muito maior do que seu próprio eu. Acalanto-me em anestesias da realidade. Isso é certo ou errado? Não, a pergunta é se faz bem ou mal. E faz tão bem... por enquanto faz ainda.
So sei agora que tudo o que se é, são bocejos da realidade e que esse rascunho só será obra prima quando lapidada por mim, naquilo que acredito ser verdadeiro. E que esse verdadeiro seja algo só meu, praqueles que realmente amo. Praqueles que tenho coração.
Algo me diz que tudo muda de acordo com o passar das coisas, do tempo e das pessoas.Em mim algo não passou. O desespero de ver tudo desmoronando e não conseguir mover uma palha. Pois...não posso, isso não depende de mim. E em mim aquilo que dependia do ouro pra ser e viver, ainda espera, pelo ideal que me matou naquilo que era mais sagrado em mim, o meu desejo verdadeiro. Uma possibilidade de ser, mais integra, mais humana, mais em Deus...
Enfim
chegando em um ponto maior do que pensava e pensar no final, isso ja não basta. Há de sentir tudo, deixar as pessoas irem e não se angustiar com o silêncio de suas vozes. Que a sua ecoe por ultimo e que algo faça sentido da sua presença na Terra.
Pode parecer clichê mas, uma breve crise existencial me pegou nesse último domingo de ferias. E como que o dever me apavora, como que as pessoas ainda sim me invadem e com que ainda sim não aprendi a permitir-me conhecer somente pessoas de coração belo,
sou cego e com isso venho padecido. Só escuto uma voz que as vezes me nega o olhar. E nem sempre ela vem do coração.
Cuidado com aqueles que sorriem demais, podem esconder algo sério por detrás.