sábado, 20 de junho de 2009

Aconteceu, realmente aconteceu.

Vidas, fatos e fardos.
Fardos de pai, de mãe, de irmão,
de felicidade,
de ausência e
de ilusão.

Nesse período tão diferente (e diferente de tudo) , (de todos e de um todo) vejo as coisas.
As percebo parte de uma história e tão pouco minhas...
Parte de um desejo perfeito, parte de um medo de morte, parte.
Parte pra longe num adeus frio dos afazeres, na disparidade dos sonhos, no engano das palavras, no pouco e muito a oferecer.

Sou livre, sou todo, sou essa parte.

Sou preso, sou toldo e barreira.
Guardo a tempestade de tempos ainda futuros, na permanência de um zelo pelo amor em comum.
Me guardo em compartimentos de um tempo preso, na esperança de um dia ir de encontro.

Encontro com o abraço mais querido,

as mãos que me guardam em carinho,

o peito que me acolhe sem medo, sem luto, sem prisão.

Liberdade. Ah liberdade tão querida e tão faminta de espaço.

Em parte me faço no agora,
em parte me tenho.
No receio de que um dia
me parta também sua presença.

Aconteceu, realmente aconteceu.
E não quero que me reste migalhas de comida,
ou pratos a serem lavados na sua ausência. Quero ser e viver com a certeza de que existe um futuro presente, recheado de você e de mim. Quero me mostrar como sou por inteiro, em doses cavalares de amor, certeza e cuidados genuínos. Amor esse guardado e até então frustrado, que insiste em nascer de novo e participar do que é verdadeiro a cada dia que passa.

Aconteceu. Mesmo não estando preparado aconteceu. Eu, dilacerado, encontrei seu olhar.
E na sua presença, a luz da sabedoria recolocou as peças no lugar. Remontou castelos caídos e catedrais em ruínas,
pelo carinho e amor de um querer bem a mim.

Mas na tentativa de mudar aquilo que em mim ja é história, fez-se em mim algo que não me pertence. Não o faça.
Prender-me na crença do que é certo antecipa a distância, mata o respeito, fere as possibilidades.

Prefiro te olhar com olhos de piedade, saber de um passado, entender a vida e sentí-la através de seus braços. Não desejo mudar-te. Tornaria muda uma garganta, enchendo-a de câncer e órgãos que não a pertence. Quero te ver voar ao meu lado, te carregar comigo e ir com você onde a vista se perde no horizonte.
Quero ver a partir de olhos cheios de vida,
cheios de esperança,
cheios de luz.

Deus permita que os meios favoreçam o encontro dos amantes.
Pois numa caminhada de vida em mais um desencontro de corações, somaria mais uma pedra à coleção de desejos guardados e frustrados.

Olhe pra cada passo meu como aquela criança que se entrega ao abraço de uma pessoa amada. Essa criança te encontrou perdida no espaço e precisou de caminhos de pedra pra te encontrar.

Cuidado ao fazer dos teus os meus caminhos, não queira que sejam. Pois o que me faz ser teu é a diferença que nos une. É o corpo fora do teu que te abraça e as mãos alheias às suas que te sustentam e acolhem.
Olhe com calma, há algo muito especial acontecendo.
Algo que não quero que fique no passado. Pois ter a certeza de que estamos conjugando direito nossos verbos, nossos cuidados, nossa sincronia, é a maior prova de que o sentimento chega no coração do outro.

Amo, e não me perco mais. Amo certo de que a vida existe e que ela é possível.
Num econtro de fim de tarde,
numa noite mal dormida,
num jantar à luz de velas e num piano mudo de toda dor.

Recomeço a partir de mim, não de ti.

Quero colocar numa caixa todas as minhas desilusões
jogar fora o tormento de se perder. Me atiraria de corpo à essa vida que diz de amor, de carinho e liberdade. Faria o possível pra acender em você, eu como sou. Viveria esse presente como nunca e aceitaria as dádivas que os caminhos do coração nos oferece.
Esse ninho em seus braços não pode conter espinhos. Pois somente serveriam de coroa pra uma crucificação em sacrifício.