Ei Amigo,
Engraçado, muito do que escreveu me fez pensar...
Nesse meio tempo.
Meio / tempo...
Eu fiquei preocupado com algumas coisas...
inclusive com um passado, com a opinião das pessoas e com algo que até hoje me massacra, o olhar do outro.
Preocupado com pai internado, gente precisando de ajuda e com minha vontade de invisibilidade.
Termino sendo artista, ou suicida?
Acho melhor artista...mais até que sensato, mais até que coerente.
Mas ainda dentro de casa...
Mas ainda...
vários "mas".
E acho que produzir tem me tirado a culpa.
Aquela culpa do tempo vivido sem sentido.
E parece que sentir hoje em dia é anormal, faz de pessoas comuns antenas do mundo.
Daquilo que dói do meu passado
parte
ainda
vive...
Sonhos interrompidos sempre são chagas abertas,
desejos sem alcance,
fantasia tímida a percorrer os platôs de corte e acidez,
os platôs de degeneração,
os platôs de competição,
de comparação e de castração.
Platôs que nada ajudam a criação, muito menos a identidade.
Decodificá-los serviu de sutura pra muita coisa, mas ainda sim.
Um tempo parou.
Uma mão levantou pra tocar a nota,
só que
não desceu mais.
Soou feio aos ouvidos dos outros...
e ainda soa.
Feio.
Já pensou como o silêncio as vezes ofende e como o feio é necessário ao belo? Sem ele o belo não existiria,
sem a loucura a norma não existiria.
Nem homossexualidade nem a heterossexualidade vivem uma sem a outra, não existiriam. Sem a mulher, a amante não existiria. Dessa última ainda se pode escolher qual delas seria a bela, os papéis oscilam tanto hoje em dia, já não exemplificam nada. Mas pra todo belo há de ter um feio.
O que resta, arte?
Onde resta estar pra deslocar um sentido que arrebata o outro na expectação do que se diz, do que se toca?
Isso tudo diz da moral?
É permitido por ela?
E onde a ditacuja circula, na obediência dos valores impostos?
Não, isso também não ajuda. Não ajuda a identidade nem a criação.
Indentidade é ferramenta que temos pra pertencer em sociedade, naquele grupo que admiramos.
Mas quais são as regras do jogo? =/
Elas zelam pela sobrevivência subjetiva?
E eles, pela sua individualidade?
Você sabe que caminhar sozinho as vezes é a via da verdade. Amar sob o olhar do outro também o é.
Ainda resta um meio tempo.
Em mim.
Que dialoga com um tanto de coisas que so daqui uns anos vou poder dizer, ou daqui a pouco.
Ou ja tenho dito.
Mesmo que em palavras pretas, letras feias e frias, o nome desse lugar que busco desde os seis anos e que em um momento foi uma coisa, em outro foi outra e agora tem optado por não ser mais nada.
Me procupo com isso.
Desisti do olhar do outro.
Do olhar automático e domesticado do outro.
Do olhar de resistência e de nomear do outro.
Desisti e nisso me falto.
Nisso sou invisível.
E no invisível não há belo nem feio.
No invisível tudo há de além...
e nada além
de um nada observador.