quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Vida e morte.

Sabe, parece que tem algo de diferente por aqui.
Algo de estranho ou estragado,
algo de dor,
algo de resto.
No corpo e na alma,
de coisas que queríamos esquecer.

São tempos de vida,
tempos de intimidade remota onde não houve.
Não havia e tudo agora está nas mão de Deus,

do esquecimento.

Fatalidades a parte, o que mudou foi o tempo,
a idade e o bonde que já passou há anos.
O bonde do desejo.

Justo que na época tava atacado de alguma distorção de imagem,
não conseguia ler o fatal término das coisas não vividas.
Disso então elas tomaram um peso cabuloso.

Então da vida sobrou um corpo estranho, vazio e útil somente para os prazeres da carne.
De resto sobrou comida, sobrou as horas, sobrou a raiva de estar imerso em imobilidade absoluta.
Sobrou fumaça desse fogo que por si só se apagou depois de ter consumido tudo.

E a esse mesmo corpo estranho alimentei por alguns tempos.
Me ajudei a acelerar as coisas.
Como quando se senta no piano para tocar para um público que não se interessa pelo o que você poderia trazer, dá vontade de acelerar esse tempo só pra acabar mais rápido.
Acabar essa escuta perversa da fala infinita.

Terrível pesadelo.
Perda.
De uma hora pra outra aquele mundo que você conhece já não existe mais.
O convite já não é suficiente pra agregar e nem Natal se torna motivo de encontro entre as pessoas.

De resto ainda há um tempo a ser vivido.

E espero não machucar ninguém desse machucado aberto que já não sara mais sozinho.

Estamos todos em um carrossel em velocidades diferentes.
Temos que ser fortes.
Pois hora encontramos e em outros momentos,
o encontro já não vai ser mais possível.