segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Abolição

Eu sei o que é isso,
e sei de onde vem.
Talvez não seja nem bom falar a respeito, mas me veio à mente algo diferente.
Ao observar-me por instante, hipoteticamente, o meu corpo a definhar e depois, sem vida, me senti em meu lugar...
Procuro-me em todos os lugares onde não estou.
Estou em todos os cantos, menos naquele do qual pertenço.
Que identidade é essa, que me faz desaparecer? Tornar-me-ei invisível dentro dos anos, das pessoas, dos lugares nos quais passei?
Gostaria de ser lembrado...de não permitir minha vida passar sem a minha presença, meu calor, minha luz.
Espelho, espelho...maldito espelho. Que se quebre, não o quero mais! Quero me olhar de corpo e alma, por mim mesmo. Maldito esse, que só diz de mim na presença de um outro... maldito espelho.
Morte, a desejo ainda. Não a quero mais. Porém a desejo ainda...
Se nesse emaranhado de fios, de espectros e figuras, a minha imagem, única, repousasse calmamente sobre o fio da vida e não o cortasse, seria gratificado de fato pela minha existência, pela vida que brota de minhas veias...
Algo a se pensar?
O que hei de fazer?
Nao sei se é bom escrever a respeito,
não sei se é perigoso materializar-me nesse texto,
mas algo de diferente existe em mim, algo de diferente me veio à mente...